InteGrade: Um Sistema Brasileiro para Computação em Grades
fabs em 15/09/2008
Já foi o tempo em que conseguir poder de processamento de centenas de milhares de processadores era algo caro e difícil. Com a criação da computação em grade e o avanço da internet, muitos grupos de pesquisa ao redor do mundo passaram a utilizar o poder de milhares ou até milhões de máquinas domésticas, iguais a esta que você está usando para acessar o vidageek, como fonte de recursos para computação científica de todo tipo.
Muitos projetos atualmente usam o poder de grades; talvez o mais famoso seja o seti@HOME, que reune mais de 5.2 milhões de participantes, com o objetivo de processar informações do espaço em busca de vida extraterrestre. Para realizar essa tarefa, o SETI conta com um middleware de grades chamado BOINC, uma plataforma livre construída com recursos voluntários, desenvolvido pela Universidade de Berkeley.
Mas não é só Berkeley que entende do assunto. Uma união entre o Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, a PUC do Rio de Janeiro e a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) trabalha há quatro anos no desenvolvimento de uma grade computacional open-source para aproveitar os recursos ociosos de máquinas domésticas. Batizado de Integrade, o middleware brasileiro é uma grade de processamento genérico, com suporte a uma variada gama de aplicações, e que tem como objetivo principal garantir que o usuário que ofereça seus recursos para a grade não sinta, sob hipótese nenhuma, perda de desempenho em sua máquina.
Muitas tecnologias estão envolvidas, como Corba, o que torna trabalhar no projeto muito legal. A diversidade de linguagens que compõem os diferentes módulos do Integrade também é grande: vai desde Java para as aplicações em servidores, até C, C++ e lua no lado dos clientes. Mas o trabalho também oferece alguns desafios; entre eles está a escrita de testes unitários, um tópico já abordado aqui no VidaGeek.
O Integrade ainda é bem jovem, mas já se encontra funcional. A última versão (0.4RC2) pode ser obtida aqui. Por hora, só funciona em Linux, mas para a próxima versão já teremos ele rodando em Macs e Windows.
Este post foi escrito por um convidado: Fabricio de Sousa Nascimento, membro do grupo de pesquisa do projeto Integrade, é aluno do terceiro ano de ciência da computação pelo IME/USP. E teoricamente mantém o blog do fabs.