Palestra: Empreendedorismo em Software Livre
Cecilia Fernandes em 09/01/2009Começando o ano com o pé direito, já na primeira segunda-feira, fomos assistir uma palestra no IME/USP sobre Empreendedorismo em Software Livre. O palestrante é o professor e entuasiasta de software livre Anthony Wasserman, da Carnegie Mellon West – o campus do Vale do Silício de uma das melhores universidades em Ciência da Computação.
Numa palestra interessantíssima, o professor fez uma breve introdução à evolução do software livre e explicou, um a um, os modelos de negócio existentes nessa vertente crescente do produção de software. Segue na sequência um resumo da palestra.
Projetos open source sempre existiram, apenas, normalmente, não se tem consciência deles. O grande problema é que a cultura de manter os projetos colocados no SourceForge sob os cuidados dos desenvolvedores do projeto não está bem difundida.
Projetos open source não deveriam ser largados à própria sorte. Os reais contibuidores deveriam seguir o projeto e participar – reforça o palestrante.
O nome “Open source”, explica, surgiu para se diferenciar do que Richard Stallman chama de “free software”. Na visão do extremista, software livre não pode ser comercializado, tem que se manter livre e etc. Contudo isso não é compatível com o mercado como ele é hoje. A denominação “open source” veio amenizar essas restrições. Também sabemos que existe a expressão “software libre”, que ainda está meio nublada para o palestrante.
Open source está em todos os lugares, mesmo dentro de um Windows básico. O palestrante diz que, quando há maquinas para os ouvintes da palestra, ele os faz instalar uma pancada de softwares livres para que vejam que funciona… e bem.
“Brazil is one the leader countries in using Open Source…” – adiciona, e, assim, somos nós que vamos ter que dar o exemplo para outros países num futuro breve, dizendo que o que usamos é melhor do que as outras soluções pagas e desatualizadas.
Software livre também é legal porque sempre podemos fazer um adendo a eles. Podemos deixar na web e esperar que baixem, mas podemos também usar marketing e ferramentas empresariais para isso, o que leva aos business models (que, no slide não contém ainda advertising como business model). Os modelos de negócio comentados são os seguintes:
- Subscription models: paga-se por avisos de novos downloads importantes e afins.
- Support and training model: paga-se por aulas para usar um sistema ou para receber suporte, por exemplo, em língua local.
- Packaging models: Juntar um monte de softwares open source e fazer um pacote funcional com eles. Basicamente, colar um monte de programas livres de uma forma funcional.
- Hosted models: Google e Yahoo disponibilizam serviços sobre open source desde o começo e ganham dinheiro com isso.
- Dual license models: cliente usa como quiser a versão GPL, mas se vão vender o produto, ganhar dinheiro com algo que tem seu software dentro, têm que pagar pela licensa comercial. Durante o desenvolvimento, você usa gratuitamente, só começa a pagar quando de fato vai comercializar a coisa.
- Patronage models: IBM doa dinheiro para um monte de softwares open source e tem pessoas trabalhando no Eclipse, por exemplo. Apadrinhamento é bom para a comunidade por ter pessoas pagas trabalhando nos projetos. E é bom para a empresa para a reputação e para caçar talentos.
- Commercial enhancement models: pega projetos open source, trabalha neles, agrega coisas… e fecha o código e cobra por eles. Algumas licensas permitem isso.
- Consulting strategy models: consultoria em open source softwares é um mercado importante.
- Reseller models: oferece produtos open source empacotados e com uma companhia se responsabilizando por ele.
- Selling hardware models: software para tal hardware é livre, mas se paga pela ferramenta em si.
O que leva à comercialização?
As pessoas começaram a descobrir que software livre é bom. Os donos de empresas, que é de graça e você não manda dinheiro pra fora do país.
Companhias estão dispostas a pagar por software para ter o suporte que os vendors garantem. Não basta seu software ser melhor, eles precisam confiar que não vão ficar na mão quando colocarem ele numa parte crítica da empresa.
Companhias procuram se treinamento está disponível, se há suporte, se vai continuar forte, inércia de mercado.
Por outro lado, os projetos open source podem ser testados quanto quiserem e avaliados para ver se suas necessidades são atendidas. É um trial version válido para sempre.
E essa tendência afeta também as comunidade acadêmica. Por quê?
Um tempo atrás, os softwares usados no mercado eram muito diferentes do que era usados na comunidade científica. Agora, muitas empresas usam as mesmas ferramentas que a comunidade científica.
Isso quer dizer que os projetos open source estão virando main stream. Claro que ainda há projetos/áreas que deixam a desejar comparados a closed source projects.
Na sessão de perguntas, duas merecem destaque:
O palestrante acha que os FOSS serão main stream um dia?
Main stream, para ele, não são os softwares dominantes, mas uma das opções que um usuário comum consideraria quando escolhendo soluções. E, sim, nesse caso, sim.
“Não há nada de errado em ser excelente para um nicho específico de pessoas.”
Você pode falar um pouco sobre o Carnegie Melon West Center for Open Source Investigation, quem trabalha lá, etc?
Começou com ele, alguns estudantes começaram a participar, alguns indianos, ainda é um esforço um tanto pequeno, tem uns 12 estudantes full time nisso. começou propriamente em 2006 e ainda estamos começando.
Novamente, excelente palestra. Será disponibilizada em breve no site do Centro de Competência em Software Livre do IME/USP, a filmagem. Assim que for disponibilizado, colocaremos aqui o link para esse vídeo.