The Hacker's Manifesto
Jonas Abreu em 24/09/2013Existem muito poucos textos que chego a reler. E dentre esses, menos ainda são os que eu leio pelo menos uma vez por ano.
Como eu acho que muita gente nunca nem ouviu falar do Manifesto Hacker, escrito por The Mentor em 1986, resolvi traduzí-lo e compartilhar algo que continua sempre muito inspirador.
O Manifesto Hacker
Mais um foi preso hoje. Está em todos os jornais. "Adolescente é preso por crime virtual", "Hacker é preso por alterar ilegalmente banco"...
Malditos moleques. São todos iguais.
Mas em algum momento você, com sua psicologia barata e cérebro da década de 50, olhou com os olhos de um hacker? Você se perguntou o que o fez mudar, que forças o forjaram, o que pode ter o moldado?
Eu sou um Hacker, entre no meu mundo...
O meu mundo é um que começa na escola... Sou mais inteligente que muitas das outras crianças, essa porcaria que nos ensinam me entedia...
Maldito medíocre. São todos iguais.
Estou no ensino fundamental ou médio. Já ouvi o professor explicar pela décima quinta vez como reduzir uma fração. Eu sei fazer isso. "Não, senhor Smith, eu não mostrei como cheguei no resultado. Eu fiz de cabeça..."
Maldito moleque. Deve ter copiado a resposta. São todos iguais.
Eu descobri uma coisa hoje. Eu encontrei um computador. Espere um pouco, isso é legal. Ele faz o que eu quero que ele faça. Se ele erra, é porque eu fiz algo errado. Não porque ele não gosta de mim... Ou porque se sente ameaçado por mim... Ou pensa que sou um espertinho... Ou não gosta de ensinar e não deveria estar aqui...
Maldito moleque. Ele só fica jogando. São todos iguais.
E então aconteceu... uma porta se abriu para um mundo... correndo pela linha do telefone como heroína pelas veias de um viciado, um pulso elétrico é enviado, um refúgio das incompetências do dia-a-dia é solicitado, um fórum é encontrado. "É isso... eu pertenço à isso...". Eu conheço todos aqui... mesmo que eu nunca os tenha visto, conversado com eles, nunca mais ouça falar sobre eles... Eu conheço todos vocês...
Maldito moleque. Prendendo a linha do telefone novamente. São todos iguais.
Tenha certeza que somos todos iguais... Nós fomos alimentados com comida de bebê na boca quando queríamos um bife... Os poucos pedaços de carne que você deixou passar já estavam mastigados e sem gosto. Fomos dominados por sádicos, ou ignorados por apáticos. Os poucos que tinham um pouco a nos ensinar encontraram pupilos sedentos, mas eles são poucos como gotas de água no deserto.
Este é o nosso mundo agora... O mundo do elétron e do switch, a beleza do baud. Nós fazemos uso sem pagar de um serviço que já existe e que seria absurdamente barato se não fosse administrado por glutões por lucro, e você nos chama de criminosos. Nós desbravamos... e você nos chama de criminosos. Nós procuramos conhecimento... e você nos chama de criminosos. Nós existimos sem cor de pele, nacionalidade ou viéz religioso... e você nos chama de criminosos. Você constrói bombas atômicas, começa guerras, mata, trapaceia, e mente para nós e tenta nos fazer acreditar que é para o nosso bem, e mesmo assim nós é que somos os criminosos.
Sim, eu sou um criminoso. O meu crime foi a curiosidade. O meu crime é julgar as pessoas pelo que elas dizem e pensam e não pelo que elas parecem. Meu crime é ser mais inteligente que você, algo pelo qual você nunca irá me perdoar.
Eu sou um hacker, e este é o meu manifesto. Você pode parar este indivíduo, mas você não pode parar todos nós... afinal de contas, somos todos iguais.