Os Homens-Bomba do Software Livre
convidados em 19/03/2008Recentemente passei por uma situação absurdamente constrangedora. No Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, onde estudo, existe uma rede administrada por alguns alunos com máquinas apenas Linux. Apesar de vários problemas que ocorrem na rede, em geral conseguimos utiliza-la para os fins acadêmicos que necessitamos. Os professores do instituto se comunicam com os alunos através de uma lista de discussões que é controlada por estes administradores. Em teoria, um professor manda um e-mail para um administrador e repassa para a lista para que os alunos fiquem sabendo. Recentemente, um professor tentou comunicar-nos uma parceria criada entre a Microsoft e o IME-USP para liberar licenças gratuitas aos alunos e professores do instituto de software, obviamente, proprietários. Os administradores demoraram para repassar o e-mail e quando decidiram passar mandaram junto um sermão explicando porque eles são contra o software proprietário e porque o professor não deveria mandar aquele e-mail. Ai é que entra o método Homem-Bomba do Software Livre.
Na minha concepção, assim como existem ferrenhos defensores do Mac e do Windows, existe também o defensores do software-livre. O problema é quando você decide se explodir no meio de uma praça pública matando pessoas junto. Essa Open-Jihad ocorre quando não apenas preferimos ou nos negamos a usar o software proprietário, mas quando perdemos a tolerância e não respeitamos a opinião ou necessidade dos outros e impomos o software livre a força.
Ou seja, este extremismo ignora o fato que pessoas diferentes têm necessidades, desejos e crenças diferentes tratando-as apenas como erradas. Um exemplo disso é a situação narrada acima. Alunos acreditando que têm o direito de censurar um professor que utiliza software proprietário, esquecendo a hierarquia do instituto e de sua função na rede, pois eles são os administradores e não os donos da rede.
Nós, desenvolvedores e simpatizantes de software livre, devemos produzir produtos de qualidade superior para que os usuários comuns prefiram os softwares desenvolvidos pela comunidade e não os proprietários. Podemos explicar a diferença e porque preferimos esta filosofia de produção em detrimento a outras. Mas não temos o direito de proibir, impedir ou discriminar o uso de software proprietário, pois esta é uma escolha individual.
Em suma, apoio o software livre, utilizo o Linux a muito tempo (desde do Slackware 7), mas prefiro que seja por escolha e não porque alguém me converteu a esta nova religião.
Foto original por ItzaFineDay.